524 anos depois, Portugal admite culpa pela escravidão, no Brasil.

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Marcelo Rebelo de Sousa, presidente português, disse que o país ‘assume total responsabilidade pelos danos causados’ na era colonial e falou em reparação.

Pela primeira vez na história, um presidente de Portugal reconheceu a culpa do país pela série de crimes cometidos durante a era colonial, como a escravidão, o tráfico de pessoas e o massacre de povos originários.

O mandatário português, Marcelo Rebelo de Sousa, disse a correspondentes estrangeiros nesta terça-feira (23) que o país ‘assume total responsabilidade pelos danos causados’ e que seu governo deve se comprometer a ‘fazer reparações’, que não especificou como seriam feitas.

“Temos que pagar os custos [pela escravidão]. Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isso”, disse o mandatário.

Na visão de Rebelo de Sousa, reconhecer os crimes cometidos e assumir a culpa por eles é mais necessário do que pedir desculpas, o que classificou como “a parte mais fácil”.

A fala do presidente português rebate a visão ‘orgulhosa’ que a nação tem cultivado há todos esses anos sobre a colonização portuguesa. Em vez disso, admite não apenas os danos causados durante a era colonial, como também a herança de violência e preconceito que assola países como Angola, Moçambique, Brasil, Cabo Verde e Timor-Leste, bem como partes da Índia, que foram submetidas ao domínio português.

Era colonial foi marcada pela escravidão e massacre aos povos originários

A era colonial foi marcada pela escravidão de, pelo menos, 12,5 milhões de africanos. Destes, quase 6 milhões foram traficados por Portugal, o que faz do país o que mais traficou pessoas no período.

Os africanos eram sequestrados e transportados à força por navios e comerciantes europeus até os países colonizados, onde eram vendidos como escravos para trabalharem em plantações sem qualquer dignidade ou remuneração.

Já os povos originários foram dizimados, não apenas pelos conflitos com os portugueses, mas também pela vulnerabilidade em relação às doenças trazidas por eles. A Fundação Nacional do Índio (FUNAI) estima que o declínio das populações indígenas tenha passado de 3 milhões de nativos em 1.500 para cerca de 750 mil atualmente devido ao contágio com doenças como varíola, sarampo, febre amarela ou mesmo a gripe.

 

 

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