Um surto de gripe aviária em Montenegro, na região metropolitana de Porto Alegre. RS, pode fazer o custo da carne de frango cair nos próximos dias. A detecção do vírus H5N1 em uma granja comercial levou ao abate preventivo de 17 mil aves, medida adotada pelas autoridades sanitárias para conter a disseminação da doença.
Embora o Brasil continue com o status de “livre de gripe aviária” o impacto imediato da notícia gerou instabilidade no mercado; Argentina, Chile, China, México, Uruguai suspenderam compras de frangos brasileiros por 60 dias
Preços em queda
Com restrições temporárias à exportação em algumas regiões e o aumento da oferta interna, o preço da carne de frango no varejo pode sofrer uma queda pontual.
Com a interrupção nas vendas externas, a tendência é de aumento da oferta de carne de frango no mercado interno, o que deve pressionar os preços para baixo no curto prazo. Por outro lado, a redução da criação de aves como forma de conter a propagação do vírus pode afetar a produção de ovos e, consequentemente, encarecer o produto.
“Isso faz com que, de uma hora para a outra, você deixe de colocar no mercado internacional a carne de frango. Isso, de alguma forma, vai aumentar a oferta interna, e os preços devem ficar mais baixos internamente, porque haverá maior oferta”, comentou o economista e professor de mercado financeiro da UnB (Universidade de Brasília) César Bergo.
Risco de contaminação em humanos
Autoridades de saúde reforçam que a doença não é transmitida pela ingestão de carne de frango ou ovos devidamente cozidos. A informação foi divulgada nesta semana pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em resposta à preocupação de consumidores.
Segundo os especialistas, o vírus da gripe aviária, do tipo H5N1, não sobrevive às altas temperaturas do cozimento. Portanto, o consumo de alimentos preparados corretamente não representa risco à saúde humana.
“O vírus pode ser transmitido por contato direto com aves infectadas ou por superfícies contaminadas, mas não há evidência de transmissão por meio do consumo de carne ou ovos”, esclareceu o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart. Ele ressaltou ainda que os produtos de origem animal vendidos no mercado passam por rígidos controles sanitários.
Apesar do surto identificado, o Brasil mantém o status de país livre de gripe aviária em produção comercial.
As autoridades orientam a população a continuar consumindo frango e ovos com tranquilidade, desde que adquiridos de estabelecimentos inspecionados e preparados com boas práticas de higiene e cozimento adequado.
Abate em massa, em Montenegro
Autoridades do Governo do Rio Grande do Sul informaram que quase 17 mil aves criadas na granja onde a doença foi constatada morreram por gripe aviária. As que sobreviveram foram sacrificadas. Na opinião de Bergo, é fundamental a adoção de medidas sanitárias para evitar a proliferação do vírus e impedir que mais animais sejam afetados.
“Quando você acaba, por razões da gripe aviária, tendo que dizimar os animais, tem essa implicação na produção de ovos. Nós observamos isso nos Estados Unidos, que teve a gripe aviária lá, e teve esse reflexo. Então, também pode haver uma consequência para os ovos. Reduzindo a produção de ovos, se aumenta o preço”, analisou.
“No geral, esperamos que as autoridades sanitárias tomem as decisões corretas o quanto antes, fazendo com que a localização dessa gripe aviária seja feita e que não contamine outras granjas, sobretudo de Santa Catarina e Paraná, que são os maiores produtores brasileiros”, completou Bergo.
O economista Benito Salomão acrescentou que “ainda é preciso esperar e ver se esse é um caso isolado, ou vai haver novos focos”. “Se for um problema maior, isso vai impactar a produção e, consequentemente, a oferta. Os preços domésticos podem subir ao invés de cair”, comentou.